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Comunicação jurídica: como deixá-la mais clara e acertada?

Descubra 7 estratégias para uma comunicação jurídica acertada e eficiente no seu departamento!

A comunicação jurídica passa por um momento de transformação, em busca de mais clareza e objetividade. Em 2024, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou o selo Linguagem Simples, com base na Portaria n.º 351/2023, refletindo essa modernização da linguagem no Direito.

Nos departamentos jurídicos, a preocupação envolve não apenas a priorização da compreensão do receptor da mensagem, mas também a experiência da leitura. Tendências como o legal design demonstram a preocupação com a forma como a estética e a funcionalidade podem ser aplicadas para facilitar a troca de informações.

Neste conteúdo, apresentamos sete estratégias de comunicação jurídica que tornam a linguagem mais acertada e os seus principais benefícios.

O que é comunicação jurídica?

A comunicação jurídica é o meio pelo qual informações sobre leis, decisões judiciais, direitos e deveres são transmitidas de forma clara e objetiva. Ela pode ocorrer tanto entre especialistas da área quanto para um público leigo, exigindo adequação da linguagem ao contexto e ao nível de conhecimento dos interlocutores.

A importância da comunicação jurídica

Uma comunicação jurídica eficiente é essencial para garantir a correta interpretação das normas, a uniformidade das decisões e a transparência nos processos. O uso adequado da linguagem jurídica facilita a coordenação das atividades do setor, a apresentação de resultados e a transmissão de orientações precisas. Nos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, essa clareza contribui para a mitigação de riscos, gestão de contratos e eficiência na tomada de decisões.

Como desenvolver uma comunicação jurídica precisa?

A comunicação efetiva no direito exige adaptação para os diferentes públicos. Clareza e objetividade da mensagem são aspectos decisivos, assim como a experiência de quem recebe a mensagem. Veja abaixo 7 dicas para ajudar com esse aspecto.

1. Use uma linguagem acessível

A comunicação jurídica é um meio para que as pessoas compreendam resultados processuais, deveres, direitos etc. Durante o estudo, os termos técnicos ajudam a refinar as habilidades, criando diferenciações relevantes entre conceitos e coisas. Contudo, não necessariamente eles serão a forma mais adequada de promover a comunicação entre advogados e clientes.

No dia a dia, as pessoas não estão tão preocupadas com as definições técnicas, mas sim sobre significado para suas atividades. Simplificar a linguagem é uma maneira de tornar o conteúdo jurídico compreensível, aproximando o cliente do processo e garantindo que ele conheça os seus direitos, deveres e os impactos das decisões legais.

2. Compreenda as intenções do cliente ou colega

É importante compreender qual é de fato a intenção da comunicação com a pessoa. Uma explicação sobre a solução legal para um colega será completamente diferente do esclarecimento da comunicação externa em serviços jurídicos, por exemplo.

Além disso, identificar as expectativas e o nível de conhecimento do interlocutor permite escolher o tom e a profundidade adequados. Com isso, evitam-se mal-entendidos e a confiança na relação profissional é fortalecida.

3. Invista na criação de uma conexão

A comunicação de questões técnicas é inevitável. Buscar pontos de conexão com a outra pessoa é um dos caminhos para lidar com essa situação, traduzindo a linguagem jurídica para a realidade de cada pessoa.

Usar exemplos e buscar sinônimos na linguagem comum são boas práticas. Outra ferramenta interessante são gráficos, quadros e imagens, quando o contexto permite a comunicação visual. Demonstrar empatia e paciência ao explicar conceitos complexos facilita o entendimento, fortalece o vínculo de confiança e humaniza a comunicação.

4. Pratique a empatia e escuta ativa

Não existe uma fórmula para ser aplicada a todas as situações de comunicação jurídica, pois os contextos e pessoas são diferentes entre si. Desenvolver a escuta ativa e a empatia permitem que você compreenda o momento e faça as adaptações necessárias.

A escuta ativa é o processo comunicativo de atenção plena, em que nos engajamos verdadeiramente para compreender a mensagem. Por sua vez, a empatia é olhar para as necessidades e desafios da outra pessoa. Ambas são habilidades que apoiam a criação de uma linguagem adequada para cada cenário.

5. Estruture os documentos adequadamente

O design é um componente importante não apenas pela estética, mas pela funcionalidade. Com hierarquias claras, proporções adequadas de texto, formatação consistente e outras melhorias, facilitamos a vida do leitor e oferecemos uma experiência de leitura mais amena. Tudo isso impacta o grau de atenção e compreensão da pessoa.

Procure pensar a estrutura do documento antes mesmo de começar a trabalhar o seu conteúdo, como uma construção conjunta. Modelos e tecnologias para padronização também são ferramentas fundamentais para garantir clareza, eficiência jurídica e conformidade, evitando retrabalhos e inconsistências.

6. Realize workshops e treinamentos

A capacitação profissional não está restrita às chamadas hard skills (habilidades técnicas, como Direito Civil, Direito Penal e Direito Empresarial). Também podemos investir em treinamentos e workshops para as soft skills (habilidades comportamentais, como comunicação e liderança).

Entre as opções disponíveis, cursos de comunicação, legal design e oratória são boas opções para desenvolver uma fala e escrita mais adequada. Também podemos investir em cursos de negociação, mediação e conciliação — que abordam a comunicação aplicada a contextos específicos. 

7. Utilize a tecnologia

A tecnologia para uma comunicação eficaz no Direito é bastante variada. Ela abrange desde a comunicação de aspectos gerais, como o fluxo de trabalho ou KPIs com os resultados do departamento, até soluções para adaptar mensagens, como inteligências artificiais geradoras de texto e análise de cláusulas contratuais. 

Nos contratos, por exemplo, o CLM tem recursos como o workflow conecta todas as partes envolvidas com plataformas centralizadas. Isso agiliza revisões, aprovações e assinaturas, garantindo maior segurança e conformidade legal.

As dicas para melhorar a comunicação são um ponto de partida. Ao colocá-las em prática, devemos ficar atentos para não cometer erros comuns na comunicação jurídica:

  • fornecer informações contraditórias, que geram confusão e desconfiança;
  • adotar uma linguagem muito técnica, pois dificulta o entendimento do usuário;
  • negligenciar a documentação, uma vez que compromete a eficiência e clareza;
  • ignorar feedbacks de clientes e colegas, porque significa perder oportunidades de melhoria;
  • usar jargões jurídicos, pois indicam um excesso na comunicação entre especialistas.

Benefícios de uma boa comunicação jurídica

Conheça os ganhos ao adotar uma boa comunicação jurídica: 

Aumentar a produtividade

Uma comunicação jurídica clara e estruturada reduz ambiguidades, agiliza processos e melhora a delegação de tarefas. Quando expectativas, responsabilidades e prazos são bem definidos, há menos retrabalho e maior eficiência operacional. Além disso, a padronização da comunicação interna e externa no setor jurídico otimiza o fluxo de informações, permitindo que advogados, gestores e clientes tomem decisões mais rápidas e assertivas.

Evitar conflitos

No universo jurídico, a comunicação lida diretamente com direitos, obrigações e interesses financeiros e patrimoniais. A falta de clareza em contratos, regulamentos ou pareceres pode gerar interpretações equivocadas, aumentando o risco de disputas judiciais. Quando as informações são transmitidas de forma precisa e acessível, há menos margem para contestações, prevenindo litígios e fortalecendo a segurança jurídica nas relações contratuais e interpessoais.

Desenvolver a imagem profissional

Uma comunicação jurídica eficaz contribui para a construção da credibilidade e da autoridade do profissional do Direito. Dominar a linguagem técnica sem cair no "juridiquês" demonstra competência e profissionalismo, facilitando a compreensão do valor agregado ao serviço prestado. Além disso, clientes e parceiros muitas vezes não têm clareza sobre o impacto da atuação jurídica em seus casos, tornando essencial uma comunicação que evidencie tanto os resultados quanto a estratégia e os fundamentos utilizados.

Reduzir erros e mitigar riscos 

Erros de interpretação ou falhas na comunicação podem resultar em descumprimento de prazos, inobservância de legislações e até nulidade de contratos. Essas falhas geram impactos financeiros severos, incluindo multas, indenizações e perda de processos. Empresas e escritórios que investem em padrões claros de comunicação jurídica conseguem mitigar esses riscos, garantindo maior segurança para todas as partes envolvidas.

Maior inclusão

Uma comunicação jurídica mais acessível promove cidadania ativa, permitindo que pessoas sem formação na área compreendam melhor seus direitos e deveres. Isso incentiva o cumprimento voluntário das normas, reduzindo a necessidade de judicialização e fortalecendo a confiança na aplicação do Direito. Empresas e instituições que adotam essa abordagem demonstram compromisso com a transparência e a responsabilidade social, ampliando seu impacto positivo na sociedade.

Com esses cuidados, a comunicação jurídica será mais acertada. Será possível adequar os termos e linguagem para diferentes pessoas e contextos. Como resultado, as orientações e informações transmitidas serão mais eficazes.

Para continuar se aperfeiçoando, leia também 18 tipos de contratos para otimizar o jurídico!



Equipe netLex
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