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Contencioso e consultivo: para que servem e quais as diferenças

Entenda as diferenças entre Direito Contencioso e Consultivo e por que são abordagens estratégicas para a atuação jurídica.

Na dinâmica jurídica das empresas, compreender a diferença — e a complementaridade — entre o Direito Contencioso e o Consultivo é necessário para alinhar riscos, estratégia e geração de valor. Longe de serem áreas isoladas, essas abordagens se conectam diretamente à performance corporativa, impactando desde a mitigação de passivos até a antecipação de oportunidades.

Neste artigo, exploramos como cada uma dessas frentes atua na prática empresarial e como sua integração fortalece a atuação jurídica, melhora a experiência do cliente interno e impulsiona decisões mais assertivas.

O que é Direito Contencioso?

O Direito Contencioso é aquele que defende uma das partes dos conflitos legais e desacordos já instaurados. Ou seja, a expressão diz respeito ao que é alvo de disputa através de um processo legal, onde ambos os lados buscam a solução de uma questão através do sistema judicial.

É importante salientar que as disputas contenciosas podem envolver diversos tipos de assuntos, como litígios de propriedade, direito do trabalho, questões contratuais e responsabilidade civil. 

Quais os tipos de contenciosos

Agora que você já sabe o que é contencioso, conheça a divisão entre eles: 

  • Contencioso administrativo: são conflitos que ocorrem na esfera administrativa, que podem ser analisados pelos órgãos competentes. Um exemplo de contencioso administrativo é um servidor público que recorre de uma penalidade disciplinar imposta por um órgão estatal;
  • Contencioso tributário: envolve disputas que tem relação com cobranças de tributos, como juros, multas e fiscalizações realizadas por órgãos públicos;
  • Contencioso cível: trata-se das disputas entre pessoas jurídicas ou físicas por direitos consumeristas, questões de contrato e ativos imobiliários;
  • Contencioso de massa: engloba os litígios de casos similares, que se relacionam a serviços, produtos e políticas de uma empresa. Ele diz respeito à ações de demandas semelhantes de consumidores, como reclamações trabalhistas de uma empresa, por exemplo;
  • Contencioso trabalhista: envolve os direitos trabalhistas, como horas extras, benefícios, férias e vínculos de emprego e tramitam na Justiça do Trabalho.

Para entender melhor o contencioso trabalhista, acompanhe o exemplo a seguir.

Exemplo comum de processo trabalhista contencioso

Imagine que um funcionário que foi demitido sem receber todas as verbas rescisórias devidas. Vamos chamá-lo de João. 

João trabalhou por cinco anos em uma empresa, mas, ao ser desligado, percebeu que não recebeu corretamente o pagamento do aviso prévio e das horas extras acumuladas. 

Ele tentou resolver a situação diretamente com o setor de RH, mas a empresa se recusou a fazer os pagamentos alegando que ele não tinha direito a esses valores.

Diante desse impasse, João entra com uma ação trabalhista para reivindicar seus direitos. Seu advogado contencioso reúne documentos, como holerites, registros de ponto e até conversas com a empresa, para demonstrar que ele realmente tem valores pendentes a receber. 

A empresa, por sua vez, apresenta sua defesa, tentando justificar a demissão e os pagamentos feitos.

O juiz analisa as provas e pode determinar que João receba os valores devidos, além de possíveis multas e indenizações. Esse é um caso clássico de contencioso trabalhista, em que há um conflito entre empregado e empregador resolvido no Judiciário.

Neste caso, o advogado contencioso vai representar o direito do seu cliente durante todo o processo. Vale também ressaltar que o processo contencioso é uma maneira formal de solucionar litígios perante o judiciário nacional e está regido pelo Código Civil brasileiro.

Os tipos de contencioso, o que é, e a aplicação na prática, descubra a seguir o que é a prática consultiva.

O que é direito consultivo?

O direito consultivo desempenha uma função mais preventiva e proativa, focando na orientação jurídica com o objetivo de evitar futuros litígios. 

Neste caso, o advogado consultivo pode orientar sobre as melhores estratégias e práticas jurídicas para que, tanto indivíduos quanto empresas, reduzam os riscos de descumprimento legal.

Em outras palavras, o foco não é resolver conflitos, mas preveni-los através de contratos, auditorias jurídicas, pareceres e aconselhamento legal. O profissional consultivo pode:

  • Orientar o cliente sobre as consequências legais de suas decisões;
  • Auxiliar na elaboração de documentos, como contratos, regulamentos internos e estatutos;
  • Fornecer suporte, oferecendo alternativas legais que evitem possíveis riscos e litígios;
  • Realizar due diligence em fusões e aquisições, analisando passivos jurídicos e identificando riscos antes de fechar negócios;
  • Implementar programas de compliance, garantindo que a empresa cumpra as normas legais e regulatórias, evitando sanções e processos.

Como o consultivo ajuda empresas e pessoas a evitarem litígios?

Imagine que uma empresa de tecnologia tem diversos contratos ativos com fornecedores, clientes e parceiros. Cada um possui prazos, cláusulas e obrigações diferentes. 

Se essa empresa utilizasse uma ferramenta de gestão contratual, o sistema enviaria alertas automáticos sobre prazos de vencimento, cláusulas críticas e necessidade de renovação. Além disso, todos os tipos de contratos estariam centralizados e acessíveis, permitindo uma análise rápida de riscos e obrigações.

Com essa tecnologia, a empresa evita multas por descumprimento contratual, melhora a negociação de renovações e garante mais segurança jurídica, reduzindo a chance de litígios.

Leia também: Guia do Departamento jurídico: organograma e rotinas para gestão

Quais as diferenças entre Direito Contencioso e Consultivo?

O Direito Contencioso é acionado quando a disputa por meio de processo judicial já está em curso. Em contrapartida, o consultivo é proativo, tem o objetivo de prevenir litígios através da revisão e análises de contratos, por exemplo. 

Outro ponto que os diferencia é que no contencioso, o advogado busca uma decisão favorável ao seu cliente por meio de processos arbitrais e judiciais. Já no Direito Consultivo, o profissional orienta as decisões do cliente antes que elas sejam tomadas. 

A atuação consultiva envolve orientações e pareceres, enquanto a contenciosa está associada às regras processuais.

Quais as vantagens de cada abordagem para empresas e indivíduos?

Embora tenham objetivos diferentes, existem algumas vantagens de cada área para o cidadão e para as empresas. 

Direito Contencioso

  • Defende os interesses da empresa ou indivíduo em disputas judiciais;
  • Garante respaldo legal em processos trabalhistas, cíveis e tributários;
  • Atua na resolução de conflitos quando já há litígios instaurados;
  • Busca minimizar danos financeiros e jurídicos em disputas legais.

Direito Consultivo

  • Previne problemas jurídicos antes que se tornem litígios;
  • Reduz riscos e custos com processos, garantindo conformidade legal;
  • Auxilia na elaboração e revisão de contratos para evitar conflitos;
  • Implementa práticas de compliance e due diligence para segurança jurídica.

Como escolher o melhor tipo de assessoria jurídica?

A escolha depende das necessidades da empresa ou do indivíduo. Algumas situações exigirão suporte preventivo, enquanto outras, a defesa em disputas já instauradas. Por exemplo, você pode escolher Direito Consultivo, caso o objetivo seja prevenir riscos e evitar litígios futuros, revisar e elaborar contratos ou precise de suporte em compliance e adequação regulatória.

Ao optar pelo Direito Contencioso, você poderá se defender da melhor forma de processos judiciais, acompanhar processos trabalhistas, tributários e cíveis ou até mesmo garantir a melhor estratégia em disputas complexas.

Vale ainda ressaltar que a escolha ideal pode envolver as duas abordagens, dependendo do cenário. Portanto, contar com profissionais qualificados e ferramentas jurídicas modernas faz toda a diferença na proteção dos seus interesses. 

A atuação jurídica nas empresas vai muito além da resposta reativa a litígios. Ela deve ser pensada como um ativo estratégico, capaz de antecipar riscos, proteger valor e fomentar decisões. 

Ao integrar o Direito Contencioso e Consultivo com inteligência e clareza de papéis, as empresas não apenas ganham em segurança jurídica, mas também constroem uma base sólida para o crescimento sustentável. E, nesse cenário, a gestão de contratos surge como um dos pontos mais críticos e muitas vezes negligenciados dessa engrenagem.

Quer entender como a tecnologia pode potencializar essa integração e transformar seus contratos em ativos estratégicos? Leia também Como melhorar a gestão de contratos!

 

Equipe netLex
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