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Como fazer uma procuração para pessoa jurídica

Escrito por Equipe netLex | Feb 28, 2025 8:03:54 PM

A procuração para pessoa jurídica é um documento legal que permite que uma empresa — pessoa jurídica — outorgue poderes a outra pessoa (física ou jurídica) para representá-la em determinados atos. 

Essa ferramenta pode ser usada em diferentes situações, como para agilizar processos, evitar a necessidade de deslocamento de representantes da empresa e realizar atos em processos judiciais.

Seja para lidar com questões burocráticas, financeiras, jurídicas ou administrativas, a procuração para pessoa jurídica é um instrumento versátil e indispensável no mundo empresarial. 

Neste guia completo, vamos abordar todos os aspectos relevantes sobre esse tema, desde a sua definição e finalidade até o passo a passo de como redigir e formalizar uma procuração de forma correta e segura. Acompanhe! 

O que é uma procuração para pessoa jurídica?

A procuração para pessoa jurídica é um documento que permite que uma empresa transfira seus poderes de representação para outra pessoa, o procurador.

Essa pessoa poderá, então, agir em nome da empresa, realizando atos como assinar contratos, realizar pagamentos, participar de licitações, representar a empresa em processos judiciais, entre outros.

Ela é fundamental em vários cenários legais, garantindo agilidade nos processos e assegurando a confiabilidade necessária para a execução das demandas da empresa. 

Quando utilizar uma procuração para pessoa jurídica? 

A procuração para pessoa jurídica deve ser utilizada sempre que for necessário delegar poderes a terceiros para representar a empresa em determinados atos. Isso ocorre, por exemplo, quando é preciso que um colaborador, advogado ou prestador de serviço realize transações ou tome decisões em nome da organização.

Os principais casos de uso incluem:

  • representação em processos judiciais e administrativos: empresas frequentemente outorgam poderes a advogados para atuar em processos, assinar petições e tomar decisões estratégicas.
  • assinatura de contratos e documentos: quando um representante legal não pode assinar um documento, uma procuração pode delegar essa função a outra pessoa.
  • atos perante órgãos públicos: é comum conceder procurações para a participação em licitações, assinatura de documentos na Receita Federal, INSS ou juntas comerciais.
  • operações bancárias e financeiras: algumas empresas autorizam procuradores a movimentar contas, contratar empréstimos ou realizar outras transações financeiras.

Quais poderes não podem ser incluídos nesse tipo de procuração? 

Em uma procuração para pessoa jurídica, certos poderes não podem ser delegados por razões legais, estatutárias ou de governança corporativa. Os principais exemplos incluem:

Poderes exclusivos dos administradores ou diretores estatutários

  • A nomeação ou destituição de administradores, diretores ou conselheiros.
  • Alterações no contrato social ou estatuto da empresa.
  • Aprovação de demonstrações financeiras e distribuição de lucros.

Decisões estratégicas e de alta governança

  • Alienação de bens essenciais ao funcionamento da empresa, salvo previsão expressa.
  • Constituição de ônus reais sobre ativos da empresa sem autorização dos sócios ou do conselho.
  • Celebração de determinados contratos de alto valor ou que impactem significativamente a empresa.

Abertura ou encerramento da empresa

  • Fusão, cisão ou incorporação da sociedade.
  • Pedido de recuperação judicial ou falência.

Obrigações personalíssimas do representante legal

  • Prestação de depoimento pessoal em juízo, pois a empresa pode ser penalizada pelo silêncio.
  • Assinatura de determinados documentos fiscais e contábeis que exigem a responsabilidade direta do administrador.

A validade e os limites da procuração devem sempre estar alinhados ao contrato social, estatuto e às boas práticas de governança corporativa.

Como redigir e formalizar?

A redação e formalização de uma procuração para pessoa jurídica exigem atenção a alguns requisitos legais para garantir a sua validade. A seguir, você terá acesso a um passo a passo com os principais pontos que devem ser considerados ao redigir esse documento.

Identificação das partes

É necessário identificar corretamente a empresa outorgante (aquela que concede os poderes) e o procurador (aquele que recebe os poderes). Para isso, é preciso incluir os dados que listamos abaixo:

  • empresa — razão social, CNPJ, endereço da sede e dados do representante legal que assinará a procuração;
  • procurador — nome completo, CPF, RG, estado civil, profissão, endereço e demais dados de qualificação;
  • especificação dos poderes — redigir de forma clara e detalhada quais são os poderes que a empresa está concedendo ao procurador. Também é possível conceder poderes gerais (para a prática de todos os atos) ou específicos (para a realização de determinadas tarefas);
  • prazo de validade — pode ser definido um prazo de validade da procuração. Caso não haja um prazo específico, a procuração será considerada válida por tempo indeterminado;
  • forma da procuração — o documento pode ser público (lavrado em cartório) ou particular (apenas assinado pelas partes). A escolha da forma dependerá do tipo de ato que será praticado;
  • assinaturas — o documento deve ser assinado pelo representante legal da empresa, com poderes para outorgar a procuração, e pelo procurador.

Em alguns casos, como para a prática de atos perante a Junta Comercial, a procuração para pessoa jurídica precisa ser devidamente registrada nos órgãos competentes.

Modelo de procuração para pessoa jurídica

Abaixo, desenvolvemos um modelo de procuração para pessoa jurídica que pode ser adaptado de acordo com as necessidades específicas de cada caso. Não se esqueça de que cada caso é específico e que é necessário contar com o suporte de especialistas. Ainda assim, é válido conhecer o exemplo que trouxemos.

PROCURAÇÃO

OUTORGANTE: Qualificação completa do outorgante pessoa jurídica, que deve ser preenchida com razão social, inscrita no CNPJ nº, Inscrição Estadual nº , com sede na Rua , nº , Bairro na cidade de , neste ato representado por seu REPRESENTANTE LEGAL, Nome completo do representante, inscrito no CPF nº , RG nº, profissão, estado civil, residente e domiciliado na Rua , sob nº , Bairro, na Cidade de , CEP nº .

OUTORGADO: qualificação completa do outorgado. Se for uma sociedade de advogados, listar e identificar todos os profissionais, inscrição na OAB de cada um deles, inscrição e endereço do escritório que deve ser legalmente constituído e também estar inscrito na OAB.

PODERES: o outorgante nomeia o outorgado seu procurador, conferindo-lhe os poderes da cláusula 'ad judicia' e 'ad extra', conjunta ou separadamente, para representá-lo em juízo ou fora dele, outorgando-lhe ainda os especiais poderes para receber citação, de concordar, acordar, confessar, discordar, desistir, transigir, firmar compromissos, reconhecer a procedência do pedido, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, executar e fazer cumprir decisões e títulos judiciais e extrajudiciais, receber valores e levantar alvarás judiciais extraídos em nome do outorgante, requerer falências e concordatas, imputar a terceiros, em nome dos outorgantes, fatos descritos como crimes, arguir exceções de suspeição, firmar compromisso e declarar hipossuficiência econômica, constituir preposto, substabelecer com ou sem reserva os poderes conferidos pelo presente mandato. Declara ainda, que tem ciência que o levantamento de créditos decorrentes de precatório ou RPV somente poderá ser efetivado mediante alvará judicial.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS: seguindo as determinações do artigo 654, §1º do Código Civil: "O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos”, incluir objetivos específicos da procuração, que pode ser, por exemplo, "representar os interesses do outorgante no processo judicial nº .. ".

Concluir a procuração com cidade, data e assinatura do outorgante.

Para que a procuração seja válida, o representante legal da pessoa jurídica deve ter poderes para outorgá-la, conforme o contrato social ou estatuto da empresa. Se o outorgado for um advogado, é importante que ele esteja regularmente inscrito na OAB. Além disso, é importante saber que a procuração pode ser revogada a qualquer tempo pelo outorgante.

Seguindo as orientações e modelos apresentados neste guia, as empresas e advogados podem elaborar procurações de forma clara e segura, garantindo que seus interesses sejam representados de maneira adequada e conforme a legislação vigente, evitando, dessa forma, prejuízos e contratempos em suas atividades.

Você gostou de saber mais sobre como fazer uma procuração para pessoa jurídica? Aproveite a visita em nosso blog para conferir o artigo “Como fazer um contrato de prestação de serviços simples?